Banana fish é traumático, mas vale a pena.
Vamos começar dizendo que essa não é uma história leve. Envolve violência física, mental e sexual, drogas, luto e várias outras coisas que podem gerar gatilho, leiam e assistam com isso em mente. Tem bastante spoiler aqui.
Ash Lynx, um dos protagonistas da obra, sofre as consequências de ter experimentado a brutalidade da guerra mesmo ainda sendo uma criança e nunca ter pisado em um campo de batalha, depois que seu irmão é convocado para a guerra e o deixa sem proteção em casa. Com a esperança de fugir da violência sofrida em sua cidade natal, foge de casa apenas para cair nas profundezas da máfia como brinquedo sexual de um chefe e “evoluir” para um assassino, afinal a única saída daquele mundo só poderia ser a morte. Apesar de todo passado traumático, Ash é comparado com uma bela fera indomável, um Lince, que se tornou líder de uma gangue ainda na adolescência após se afastar o máximo possível do Papa Dino que o submeteu a traumas que o perseguem até hoje.
E do outro lado temos Eiji Okumura, um jovem assistente de repórter que veio do Japão sem nunca ter visto uma arma até que acaba envolvido em uma guerra de gangues e encontra pela primeira vez Ash.

Acompanhamos a história deles em um palco de lutas por território, com brigas violentas que ameaçam a vida dos protagonistas e de personagens secundários que aprendemos a amar, e a descoberta de uma nova droga que retoma um passado que Ash gostaria de esquecer e o faz buscar vingança por uma pessoa amada. Mais do que um romance profundo de salvação de almas, Banana fish nos entrega muita ação e um jogo de xadrez complexo por poder, de um lado uma busca por conquistar e subjugar os fracos e do outro uma tentativa de obter forças para defender os seus.
Em meio a toda história de máfia, Eiji parece muito puro, o que torna até doloroso para Ash ver ele se aproximando daquele mundo e de si mesmo. Isso o impede de se abrir no início, mesmo que entre todas aquelas pessoas que encontrou durante a vida, a única que era capaz de lhe trazer um pouco de paz em meio de toda a dor que carregava era aquele garoto que parecia ter vindo do outro lado do mundo apenas para lhe trazer conforto.

Nos pequenos momentos que temos dos dois longe da vida tumultuada do submundo da cidade, a paz do Eiji abraça o Ash e o faz sentir como seria sua vida caso não tivesse sido forçado a entrar de cabeça naquela vida para sobreviver. Podemos apreciar a vida deles e planos futuros após o término da guerra que está acontecendo com a esperança de um futuro a dois.
A relação deles é construída de uma forma muito natural e nos faz pensar em como seria a vida deles no Japão a salvo de toda a confusão dos EUA. O Eiji ensinando o Ash falar japonês e se surpreendendo com a rapidez que ele começa a falar, ainda não falamos sobre isso, mas além de habilidade sociais e de combate incríveis, Ash é uma pessoa super inteligente e que poderia se adaptar facilmente a vida no Japão, isso se os fantasmas do seu passado deixasse, mas existiria uma pessoa que o ama ao seu lado para ajudar.
Infelizmente essa não é uma história com um final feliz e a paz não durou muito, em meio a batalha final Eiji tem que voltar para o Japão para se proteger na esperança que Ash o seguiria quando tudo acabasse.
O final do Ash abre muitas questões, ele poderia ter sobrevivido?
Eu penso que sim, mas toda a bagagem que o Ash carregou desde a infância tinha se tornado pesada demais. Viver com o Eiji no Japão e começar uma nova vida foi um sonho lindo que ele viveu naqueles pequenos momentos de paz que teve, mas no fundo sabia que era apenas aquilo, um sonho. Ele não poderia ter uma vida normal ou viver em uma sociedade tão diferente de tudo que tinha experimentado até agora, se adaptar seria fácil com toda a sua experiência, mas iria parecer até o fim da sua vida um personagem que caiu num mundo que não era seu.

Diante de tudo isso, ele escolheu a única saída que tinha, enquanto relembrava os momentos mais felizes que teve na vida.
Vocês podem acompanhar essa história pelo mangá, publicado pela panini, ou pelo anime. O mangá tem cenas inéditas que o anime não adaptou, inclusive o que acontece depois do fim, então leiam e chorem mais.
Sinopse: Vietnã, 1973. Um soldado americano sofreu um repentino distúrbio mental e proferiu apenas as seguintes palavras: ´bananafish´.
Nova York, 1985. Ash tenta descobrir o significado desse misterioso termo enquanto a sombra sinistra de Papa Dino, o chefe do submundo, se aproxima dele.

Você pode ler esse mangá em:
- Panini ( Versão em português)
Veja também nossa matéria sobre onde ler as obras que postamos aqui.